O pitboy é um estereótipo ligado a indivíduos do sexo masculino, de grande porte físico e que habitualmente se envolvem em brigas. Dentre os elementos comuns ao estereótipo, está o de freqüentar academias de musculação e praticar artes marciais. Este termo apareceu pela primeira vez no cenário nacional pela junção, que deriva da raça pitbull, cães de cara marrenta e agressiva e a palavra boy, que em inglês significa menino, garoto, rapaz.
Nos últimos tempos cenas de violência e de pancadaria em casas noturnas e em grandes centros urbanos vem se tornando cada vez mais freqüentes, principalmente nas grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Suas vítimas preferidas são pessoas franzinas e tímidas, sempre desacompanhadas. O homossexual e mendigos se tornaram também vitimas constantes deste grupo.
Engana - se quem pensa que a precária condição social ou exclusão escolar são fatores responsáveis por tal indício de agressões e brigas. Na verdade o que podemos perceber é que boa parte dos jovens que agridem ou que se envolvem em brigas e até crimes, pertencem à classe média e possuem o segundo grau completo, muitos por sua vez já estão cursando a faculdade, na grande maioria de Direito e Medicina.
Suas principais características é estatura forte, possuem a cabeça raspada, usam tatuagens, fazem cara de mau e tem um jeito de andar diferente, saem à noite somente para brigar. Costumam freqüentar casas noturnas e outras festas, em grande parte em bando causando medo para a sociedade. Na maioria dos casos os pitboys agem sem motivo nenhum, apenas para anunciar a sua chegada. Em outros quando não simpatizam com uma pessoa (Homossexuais ou mendigos) ou quando alguém fica os encarando, eles partem para a agressão.
Atualmente vimos estes grupos de Pitboys, atacando homossexuais distraídos num dos capítulos da novela "Insensato coração". Quando seis rapazes saem pela madrugada para atacar um Homossexual que se encontrava trabalhando, para mostrar quem são mais forte, quem manda na área, atacando pessoas que estão ali apenas para se divertir só para mostra ao outro a sua masculinidade.
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Cenas da novela "Insensato Coração" |
De acordo com o psicólogo Luiz Gonzaga Leite, o perfil psicológico desse grupo e muito peculiar já que os “briguentos” costumam cultivar uma imagem idealizada da família, têm menor capacidade para lidar com perdas, são mais agitados, mais valentes e, geralmente, inconformados com dificuldades da vida. Esse conjunto de sensações, aliado, muitas vezes, à baixa auto-estima, acaba resultando em jovens sem planos para o futuro e que manifestam um sentimento de agressividade descontrolado. “A rebeldia poderá ser considerada normal, mas a violência não”.
A família também tem um papel muito importante para esse tipo de personalidade, quando estes pais não impõem limites desde cedo aos filhos e não demonstram interesse por sua rotina de vida, seja na escola, seja nos relacionamentos pessoais, são apontados como coadjuvantes das ações de violência praticadas pelos jovens.
É possível perceber a insinuação de que com o “excesso de facilidades” e a superproteção, os pais estariam deixando de cumprir seu papel socialmente esperado, ou seja, de principais agentes da socialização primária dos filhos, assim como a função de repreendêlos quando cometessem um erro. Por uma questão de comodidade, evitariam o desempenho do papel de “pai chato e repressor”, que vigia e condena o comportamento dos jovens, ao mesmo tempo em que eliminariam todas as dificuldades e obstáculos que se impusessem nas vidas dos filhos, não permitindo a eles desenvolver as capacidades básicas para a vida social.
Os jovens crescidos dentro desse modelo familiar não estariam preparados para lidar com as mais elementares frustrações da vida moderna, situação que os tornaria propensos a desenvolver comportamentos problemáticos, dentre eles o de pitboys.
Dentro do conjunto de explicações que podem ser consideradas como responsabilizando os pais pelo “surgimento dos pitboys”, ainda mais freqüente do que aquela que os categoriza como superprotetores, é a que os condena por serem ausentes.
Os principais resultados dessa última seriam a carência de afeto, falhas no aprendizado moral e de valores por parte dos jovens, além do desconhecimento, por parte dos pais, da “verdadeira identidade” dos filhos. Tais fatores causariam, respectivamente, a necessidade de visibilidade social (“aparecer”), o não respeito ao outro e a inabilidade de lidar com situações de crise, e a surpresa com o comportamento adotado pelos filhos.
Outro fator também a ser explorado e o fato das mudanças em relação ao local e aos principais agentes socializadores. De acordo com o modelo tradicional de educação, a socialização primária ocorreria em casa, onde a criança passaria mais tempo, e seria realizada pela família, em especial a mãe. Nesse modelo a escola funcionaria como complementar, auxiliando a socialização familiar. Contudo, com as mudanças sofridas por nossa sociedade nas últimas décadas, dentre as quais podemos citar o grande número de casais em que homem e mulher “trabalham fora”, o modelo tradicional de socialização infantil não se mostra mais viável. A escola (a rua) assumiria então o papel de principal agente socializador, contando com o auxílio da família, como complementação.
Por fim surgimento do personagem pitboy no imaginário social indica uma mudança comportamental segundo a qual determinadas condutas anteriormente aceitas passam a ser vistas como intoleráveis. Uma delas é o uso da violência, mesmo que seja em contextos culturalmente bem típicos. Brigas entre jovens certamente não são uma especificidade contemporânea, muito menos se ocorrendo em bares ou boates, locais nos quais o consumo elevado de álcool tradicionalmente colabora para superdimensionar pequenos conflitos.